“Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício, acho medonho alguém viver sem paixões.”
Graciliano Ramos”
Hoje, 8 de outubro, o Brasil se veste de cores, sabores e sons para celebrar a força que moldou boa parte de sua identidade: o povo nordestino. É uma homenagem a mais do que uma região; é a celebração de uma energia vital, de uma resiliência que se tornou arte e de uma coragem que se transformou em poesia.
Euclides da Cunha, ao descrever o sertanejo, cunhou a frase definitiva: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” Mas essa força não se limita aos confins do sertão. Ela é a essência de todo nordestino. É a força que se ergue diante do sol inclemente, que desafia a aridez da terra e extrai dela, não apenas o sustento, mas a beleza do umbuzeiro florido, do juazeiro e do mandacarú.
É a força que canta na aspereza do baião, na melancolia do xote e na alegria contagiante do xaxado. É a força que dança mesmo com o chão de terra batida, que encontra na fé uma âncora inabalável e na cordialidade, uma forma de resistência.
O Nordestino é forte na sua cultura:
Na sabedoria do Repente e da Literatura de Cordel,que transforma a vida em verso e a luta em rima. No barro que vira arte nas mãos do Mestre Vitalino. No couro que se transforma em vestimenta de luz no Boi Bumbá, no Maracatu. No cheiro inconfundível do bode assando, no sabor do acarajé quente e no doce sabor de um cuscuz com café pela manhã.
O Nordestino é forte na sua jornada:
Carrega nos ombros uma história de migrações, de saudosos que partiram com a coragem nos olhos e o sonho no coração, levando para todos os cantos do país o seu trabalho árduo, sua culinária afetiva e sua alegria contagiante. O Nordeste não é apenas um lugar no mapa; é um pedaço do Brasil que se espalhou, enraizou e floresceu em cada canto para onde um nordestino foi.
O Nordestino é, antes de tudo, um forte.
Forte na fé que move montanhas e rompe secas. Forte na alegria que não se deixa apagar. Forte na capacidade de se reinventar, de criar o novo a partir do antigo, de encontrar água no seco e esperança na dificuldade.
Hoje, reverenciamos essa fortaleza. Celebramos a garra da mulher nordestina, a labuta do homem do campo, a genialidade do artista, a ousadia do jovem e a sabedoria dos mais velhos.
Que o Dia do Nordestino não seja apenas uma data no calendário, mas um reconhecimento perene de que o Brasil deve muito a esse povo que, com sua coragem e doçura, ajuda a construir, todos os dias, a nação que somos.
Salve o Nordestino!
Que a sanfona nunca cale, que o cheiro de coentro nunca se perca, e que a força que os define continue a ser o alicerce de um Brasil mais justo e mais bonito.
Viva São João, Viva Padre Cícero, Viva Luiz Gonzaga, Viva Jackson do Pandeiro, Viva Rachel de Queiroz, Viva Graciliano Ramos, Viva cada filho e filha dessa terra abençoada!
Fonte ==> Bahia Notícias
