A História por Trás do Dia das Crianças

A História por Trás do Dia das Crianças

Quando se fala em Dia das Crianças no Brasil, a associação imediata é com presentes, brinquedos novos e shoppings lotados. No entanto, a história por trás desta data comemorativa é muito mais antiga e complexa do que o apelo comercial sugere, remontando a debates internacionais sobre os direitos infantis.

A semente do que hoje entendemos como Dia das Crianças foi plantada em 1924, quando a Liga das Nações – organização precursora da ONU – aprovou a “Declaração de Genebra”, um dos primeiros documentos internacionais a afirmar que a humanidade devia à criança o melhor que pudesse dar. Foi um marco inicial no reconhecimento de que crianças precisavam de cuidados e proteção especiais.

No ano seguinte, em 1925, durante a “Conferência Mundial para o Bem-Estar da Criança”, realizada em Genebra, foi estabelecido oficialmente o “Dia da Criança”. Curiosamente, a data não era única: diferentes países adotaram diferentes dias para a celebração.

A Lei Brasileira e a Data “Esquecida”

O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à ideia. Por um decreto do presidente Arthur Bernardes, em 5 de novembro de 1924, o país oficializou o dia 12 de outubro como Dia da Criança. A data, no entanto, permaneceu no papel por décadas, sem grandes celebrações populares.

A chama da data seria reacendida quase 40 anos depois, por meio de uma estratégia de marketing. Em 1960, a fábrica de brinquedos Estrela, em parceria com a Johnson & Johnson, lançou a campanha “Semana do Bebê Robusto”, com o claro objetivo de aumentar as vendas. A ideia era simples: criar uma data para presentear as crianças. A campanha foi um sucesso e outras empresas rapidamente aderiram.

Foi essa iniciativa comercial, e não a lei de 1924, que popularizou de fato o 12 de outubro no calendário afetivo e comercial dos brasileiros.

Do Comércio aos Direitos: A Dualidade da Data

A data ganhou uma nova camada de significado em 1990, quando o Brasil ratificou a “Convenção sobre os Direitos da Criança” da ONU, consolidando um marco legal para a proteção infantil. Hoje, o Dia das Crianças vive uma dualidade: é, ao mesmo tempo, um dos períodos de maior movimentação do varejo no país e uma oportunidade para reflexão sobre educação, saúde, segurança e o futuro das jovens gerações.

Especialistas em educação infantil ponderam que a data pode ser um convite ao equilíbrio. “Presentes são válidos e fazem parte do imaginário lúdico, mas o maior presente que podemos dar a uma criança é tempo, atenção e um ambiente seguro para crescer”, afirma a pedagoga Maria Helena Souza.

Assim, o 12 de outubro carrega em si múltiplas narrativas: uma história de diplomacia internacional, uma lei brasileira esquecida, uma bem-sucedida jogada de marketing e, por fim, um lembrete permanente de nossa responsabilidade coletiva para com aqueles que representam o futuro.



Fonte ==> Bahia Notícias

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