A Bahia ficou em quarto lugar entre os estados com o maior número de participantes no Prêmio Sebrae Mulher de Negócios. Foram 425 empreendedoras baianas que submeteram suas histórias à premiação. Ao todo, 5.308 mulheres concorrem ao PSMN 2025, mais do que o dobro do que foi registrado na edição 2024, quando 2.634 candidatas se inscreveram. As microempreendedoras individuais (MEIs) representam 44% das concorrentes no país, totalizando 2.345 mulheres, e as donas de pequenos negócios totalizam 2.219 inscritas (42%).
Com o objetivo de incentivar a participação de empreendedoras do meio rural no PSMN, a Unidade Regional Salvador realizou, no início de junho, uma caravana por cinco municípios do território: Catu, Acajutiba, Aporá, Rio Real e Olindina. A ação foi conduzida pelas colaboradoras Andréa Eichenberger e Taiane Ramos, e mobilizou mulheres que transformam suas comunidades por meio do empreendedorismo.
A proposta da caravana foi divulgar o prêmio e dar visibilidade às histórias de mulheres que atuam no campo com criatividade, força e inovação. Durante as visitas, foram conhecidas trajetórias inspiradoras que reforçam a importância da premiação como instrumento de reconhecimento e estímulo.
Entre os encontros marcantes está o de Bárbara Loiola, conhecida como Dona Nelita, produtora de farinha com 89 anos, que administra todas as etapas do seu negócio – do plantio à comercialização – mantendo-se ativa e produtiva. “O segredo para chegar assim, minha filha? É trabalhar”, disse, com bom humor e firmeza.
Outro destaque foi o trabalho do coletivo “As Marias”, liderado por Marileuza Machado, uma iniciativa formada por mulheres da comunidade que produzem alimentos à base de mandioca, como bolos, panetones, pizzas, sucos e brigadeiros. A produção acontece em uma cozinha comunitária e é vendida em loja própria, demonstrando como o trabalho em rede pode gerar renda e transformação social.
A força da agricultura familiar também foi representada por Joana Santos, de Aporá, presidente da associação de produtores rurais de sua comunidade. Ao lado do marido e de duas irmãs, ela cultiva uma grande variedade de alimentos, vende nas feiras de Aporá e Acajutiba e faz entregas diretas aos clientes pelo WhatsApp.
“Meus clientes são meus amigos. No campo, reencontrei minha dignidade. A virada veio quando comecei a vender no Conde, onde conheci novos produtos, como rúcula e pimenta biquinho. Foi ali que me reconheci como produtora de verdade. Hoje produzo com adubo orgânico feito por mim, planejo cada safra e administro tudo com minhas próprias mãos”, fala Joana.
“Sou produtora, empreendedora e presidente da associação. Através da capacitação e apoio técnico, conquistamos um trator, melhoramos nossos processos e hoje sonho em expandir para novos mercados. Produzir é minha forma de transformar minha história e a da minha comunidade.”
Em Catu, a caravana conheceu também a história de Jailma Araújo, produtora rural que cultiva hortaliças, frutíferas e produtos agroecológicos, vende na feira, porta a porta e pelo WhatsApp, e tem ampliado a presença em programas como PNAE e PAA.
“Comecei na horta do meu pai, mas foi depois dos filhos e da separação que me redescobri no campo. Comprei carro, ampliei as vendas e conquistei a casa própria. Voltei a estudar aos 38 anos e me formei no ensino médio. Já fui secretária de mulheres no sindicato, viajei, me capacitei e hoje automatizei parte do meu trabalho. Tenho orgulho de dizer que sou produtora”, conta Jai.
Sobre o prêmio
Criado em 2004, o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios é uma das principais iniciativas de valorização do empreendedorismo feminino no Brasil. A premiação reconhece histórias de superação, inovação e impacto social protagonizadas por mulheres à frente de pequenos negócios.
Podem participar mulheres que sejam Microempreendedoras Individuais (MEI), proprietárias de micro ou pequenas empresas ou produtoras rurais com negócios formalizados. As participantes concorrem em três categorias: Pequenos Negócios, Microempreendedora Individual e Produtora Rural.
Além de troféus e certificados, as vencedoras regionais e nacionais recebem mentorias, capacitações, divulgação dos seus negócios e acesso a redes de apoio ao empreendedorismo feminino.
Fonte ==> Folha SP