Dizem que o amor é coisa séria. Compromissos, responsabilidades, juras de eternidade feitas sob medida para romances de banca de jornais. Mas eu acredito que amar, no fundo, é como brincar de esconde-esconde com a alma. Você se esconde atrás de máscaras, corre atrás de alguém, e quando menos espera, é encontrado. E aí, claro, dá aquele frio na barriga…
O primeiro olhar? Uma “bolha de sabão” frágil, luminosa, flutuando no ar como um “e se…”. O primeiro beijo? Aquele momento em que você pula no mar sem saber nadar, mas descobre que, por milagre, está flutuando. E os desencontros? Ah, são os “pega-pegas” da vida adulta: você corre, cansa, senta no banco da praça e ri sozinho da própria insistência.
Até as brigas têm algo de infantil. Duas pessoas discutindo sobre quem deixou a tampa da pasta de dente aberta parecem dois meninos disputando quem chutou mais longe a pedra. “Foi você!”, “Não, foi você!”. E no fim, alguém sempre puxa um braço do outro e diz, com um sorriso disfarçado: “vamos parar com essa bobagem?”. Porque, no fundo, ambos sabem: amor que não sabe brincar, vira contrato.
E os gestos pequenos? São as formiguinhas do afeto. Um bilhete escondido no bolso do casaco, uma ligação no meio do dia só para dizer “lembrei de você”, um abraço que dura três segundos a mais do que o necessário, tudo isso é o mesmo que riscar corações no caderno, só que com tinta invisível.
O mais curioso é que, quando a gente para de levar o amor a sério demais, ele respira. Vira dança, vira piada, vira aquela cena em que vocês dois tentam fazer bolo juntos e a cozinha vira um campo de guerra com farinha de trigo no teto. E de repente, você percebe: amar não é um dever. É um jogo de montar onde as peças nunca se encaixam perfeitamente. E é justamente por isso que é divertido.
O poeta Carlos Drummond de Andrade disse que “Brincar não é perder tempo, é ganha-lo”. Talvez amar seja a mesma coisa: ganhar a vida em dobro.
Fonte ==> Bahia Notícias