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China, terra do meio
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O governo chinês planeja lançar uma nova versão do programa “Made in China 2025”, que visa fortalecer a produção de tecnologia avançada, como equipamentos para fabricação de chips, mesmo diante das pressões e sanções dos EUA.
A nova estratégia deve evitar o nome original para minimizar críticas internacionais, mas manterá o foco em manter o setor manufatureiro como motor da economia, segundo a Bloomberg.
Apesar do apelo dos Estados Unidos para que a China aumente o consumo doméstico —que hoje responde por 40% do PIB, contra 50% a 70% em países desenvolvidos—, Pequim resiste a fixar metas numéricas para esse indicador.
O “Made in China 2025”, lançado em 2015, já elevou o país à posição de liderança global em algumas tecnologias-chave, apesar de barreiras externas, como restrições dos EUA e aliados para importar equipamentos essenciais à produção de semicondutores avançados.
O novo plano vai priorizar o desenvolvimento de tecnologia própria para reduzir a dependência estrangeira. Ele e o próximo Plano Quinquenal, que será divulgado em março de 2026, devem trazer foco em inovação, autonomia tecnológica e esforços para resolver o problema da baixa demanda interna, objetivo que ainda parece distante.
Por que importa: a decisão da China de manter o foco na manufatura avançada mostra que vê essa área como vital para sua segurança e poder econômico.
Isso dificulta os esforços dos EUA para reduzir a dependência tecnológica chinesa e pode aprofundar a rivalidade global, afetando a inovação e o preço de produtos que usamos no dia a dia.
Pare para ver
o que também importa
★ Os lucros da indústria chinesa aceleraram em abril, segundo dados oficiais, reforçando o otimismo sobre os estímulos recentes para conter o impacto das tensões comerciais com os EUA. O lucro industrial de janeiro até abril cresceu 1,4% na comparação anual, ante 0,8% no primeiro trimestre. Em abril apenas, o avanço foi de 3%, impulsionado por setores de energia renovável e manufatura avançada. Apesar disso, os lucros das estatais caíram 4,4%, enquanto empresas privadas e estrangeiras tiveram crescimento.
★ O chefe da inteligência estrangeira ucraniana, Oleh Ivashchenko, afirmou que a Ucrânia tem dados confirmando que a China fornece máquinas, produtos químicos e componentes para 20 fábricas militares russas. Ivashchenko citou ainda que 80% dos componentes eletrônicos críticos usados em drones russos vêm da China, com evidências de manobras para driblar sanções ocidentais. Apesar das negações de Pequim, que se diz neutra, a cooperação econômica com Moscou aumentou desde a invasão da Ucrânia em 2022.
★ O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, rejeitou a crítica da China de que o projeto antimísseis “Domo Dourado” transformaria o espaço em zona de guerra. O projeto, uma das prioridades de Donald Trump, é inspirado pelo escudo israelense e pretende instalar uma rede complexa de detecção e neutralização de mísseis lançados contra o território americano. “Nosso foco é proteger a pátria”, disse o presidente, ressaltando que a iniciativa é um investimento geracional. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, afirmou que o sistema é ofensivo e viola o Tratado do Espaço Exterior, aumentando riscos de corrida armamentista.
fique de olho
Um dossiê preparado pela Índia acusa a China de trabalhar para vetar na ONU a proposta de Nova Déli para sancionar cinco terroristas ligados aos grupos Lashkar-e-Taiba (LeT) e Jaish-e-Mohammad (JeM), responsáveis por ataques terroristas no país.
O pedido contra o Fronte de Resistência, grupo ligado ao LeT, também teria sido barrado por Pequim. Segundo o documento, o bloqueio beneficiou figuras-chave como Abdul Rauf Asghar, Sajid Mir e Talha Saeed, as cabeças por trás dos assassinatos.
A Índia tem lançado sucessivas ofensivas militares contra o Paquistão desde o início de maio, após ataques de insurgentes paquistaneses na Caxemira deixaram dezenas de mortos na região disputadas pelos dois lados. Pequim apoia Islamabad na disputa, em parte devido às próprias reivindicações territoriais na região.
Por que importa: a China tem uma das cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU e, portanto, poder de veto. Os chineses raramente usam deste poder e preferem se abster em questões nas quais não têm envolvimento direto.
para ir a fundo
- Tem interesse em estudar na China? No dia 10 de junho, das 10h às 16h, acontece a 1ª Feira “Estude em Pequim, China”, no campus da ESPM na Vila Mariana. Várias universidades chinesas estarão presentes para explicar o processo de admissão e apresentar as oportunidades de bolsas (muitas delas, integrais. Saiba mais sobre aqui. (gratuito, em português)
- A Embaixada da China está com um concurso de redação que vai dar eletrônicos, brindes e uma viagem com tudo pago para a China aos vencedores. Com o tema “A Modernização ao Estilo Chinês e o Brasil”, os textos devem ser enviados até 20 de junho e devem ter entre 1000 e 3000 palavras. Mais informações aqui. (gratuito, em português)
- A Associação Brasileira de Empresas Chinesas, o IEST Group e o Instituto Confúcio na Unesp realizam neste sábado (31) uma feira de emprego em São Paulo. 32 empresas vão oferecer mais de 250 vagas com salários entre R$5 e R$10 mil. O evento acontece na rua Vergueiro, 1549, no Paraíso, e os interessados podem achar mais informações sobre aqui. (gratuito, em português)
Fonte ==> Folha SP