Cidades de Portugal estão ligadas a imperadores do Brasil – 30/04/2025 – Turismo

Cidades de Portugal estão ligadas a imperadores do Brasil - 30/04/2025 - Turismo

A Casa de Bragança, da qual pertenciam dom Pedro 1º e dom Pedro 2º e última a reinar em Portugal, está intimamente ligada à cidade de mesmo nome, em Trás-os-Montes, no norte do país, e à Vila Viçosa, no Alentejo.

Com uma história que remonta à ocupação por romanos entre os séculos 200 e 300 A.C., Bragança sempre foi uma cidade militar, marcada por batalhas entre cristãos e mouros e disputas por fronteiras com povos que ocupavam o que hoje é a Espanha. Seu nome vem de Brigantia, uma possível derivação de palavra celta que significa ‘fortaleza’. A vocação é visível de qualquer ponto da cidade.

Erguida estrategicamente em uma colina, uma cidadela murada guarda torres de vigia, a principal com 33 metros, e o Castelo de Bragança, um dos mais preservados de Portugal e aberto a visitação. As primeiras construções datam do século 12.

Passear pelas ruas e muralhas da cidadela é respirar cerca de 800 anos de história e de lendas, como a da donzela órfã que, apaixonada por um jovem pobre e impedida de se casar com ele, viveu reclusa na chamada Torre da Princesa.

Também faz parte do conjunto murado o Domus Municipalis, construção medieval formada por dois espaços: uma cisterna para captar águas da chuva e a ‘casa da câmara’, local de reunião dos integrantes com importância social e econômica. Ao lado da torre encontra-se um pelourinho, símbolo do poder judicial da cidade, que tem na base uma figura em forma de animal conhecida como ‘porca da vila’.

Bragança entrou no nome da casa nobre em 1401, após o casamento de dom Afonso, filho bastardo do rei dom João 1º, com Beatriz Pereira, filha de um nobre e general. Como dote, recebeu terras e propriedades em Trás-os-Montes e Entre Douro e Minho, região que compreendia o que hoje é a cidade do Porto.

Anos depois, em 1442, o João 1º concedeu a dom Afonso o título de duque, o primeiro de Bragança, e mais terras. E foi pelas mãos de dom Fernando, o segundo duque, filho de dom Afonso, que Bragança foi emancipada de vila para cidade, em 1464, após pedido à coroa portuguesa.

A família no Alentejo

A cidade de Vila Viçosa, no Alentejo, também guarda um pedaço importante da história dos Bragança. Lá está o monumental Paço Ducal, que data de 1501, construído a mando do quarto duque de Bragança, dom Jaime. Até então, a família vivia em um castelo na localidade.

Dom Jaime escolheu uma região com terra boa e muita água e iniciou uma construção modesta perto do que se tornou o local com o passar dos anos, dos duques e dos reis, pois em 1.640 a Casa de Bragança acendeu ao trono com João 4º. O prédio, que até então era a residência oficial da família nobre mais influente de Portugal, passou a ser um dos refúgios da realeza lusa.

Uma das principais alterações aconteceu sob dom Carlos 1º e sua mulher, a rainha Amelie de Orleans, no século 19. O casal dividiu o prédio em áreas privada e pública. Tantas as modificações deixaram o paço com a configuração atual: 110 metros de fachada, 282 salas e 365 janelas.

Hoje, o paço, administrado por uma fundação, é aberto ao público. Quem o visita percorre esta infinidade de aposentos, que garantiam tanto a exposição pública quanto a privacidade dos moradores do prédio.

Há salas amplas para recepção, um cômodo com uma mesa pronta para banquetes oferecidos pela realeza, quartos, escritórios, passagens para os empregados e ambientes com toucadores.

Na área privada está o quarto do último rei de Portugal, dom Manuel 2º, deposto em 1910 após a implantação da República. Tudo ricamente decorado e mobiliado. É nesta parte do edifício que se concentram as coleções de pintura, escultura, tapeçaria, cerâmica e ourivesaria do paço.

O visitante também conhece a igreja particular dos Bragança, onde a família assistia às celebrações em uma área reservada, afastada do restante da corte, e uma enorme cozinha, repleta de panelas e tachos de cobre, fogões e um forno grande o bastante para assar um javali inteiro.

Vale reservar algumas horas para a visita ao paço, pois há outros núcleos museológicos além do prédio em si: uma coleção de carruagens do século 18 ao 20; a armaria, com armas, espadas e armadura; e ainda conjuntos arqueológicos e de caça.

O que mais ver em Bragança

O nome já diz tudo: ‘Rua dos Museus’. Pois em 500 metros de uma via no centro histórico da cidade há cinco locais para visitação, cada um sobre um tema diferente. Há um centro de arte contemporânea e outro de fotografia, uma antiga construção religiosa abriga uma coleção sobre a história transmontana e outros dois se dedicam a preservar a memória das comunidades judaicas no norte de Portugal.

Perto da rua, há um outro museu, um pouco mais modesto, que presta homenagem à castanha, um dos principais produtos bragantinos. “Assada, serve de lastro à prova do vinho quente. Cozida, no janeiro glacial, aquece as mãos e a boca dos pobres e ricos. Crua, engorda os porcos”, diz cartaz no Museu da Castanha que reproduz texto do escritor português Miguel Torga.

Instalado no subsolo da loja Marrom, Oficina da Castanha, o museu mostra como é feita a colheita e a torra do fruto, sua composição nutricional e onde ele é encontrado no mundo. A visita é gratuita. Ao final, a loja oferece uma infinidade de produtos derivados da castanha para comprar: licores, cervejas, doces, chás, bolos, doces, marrom glacê, mel, entre outros.



Fonte ==> Folha SP

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