COP30: PRF vai se hospedar em salas de aula em Belém – 07/07/2025 – Ambiente

A imagem mostra uma vista aérea de uma área urbana em desenvolvimento, com várias construções e um grande espaço verde. Há estradas que cercam a área, com um padrão de caminhos coloridos e áreas de lazer visíveis. Ao fundo, pode-se ver uma cidade com prédios altos e um céu parcialmente nublado.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) vai usar salas de aula para alojar cerca de 900 agentes que atuarão na COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que ocorre em novembro em Belém.

A decisão foi tomada devido à dificuldade de se encontrar hospedagens na cidade e à alta dos preços praticados para o período. O plano é transformar salas de aula em alojamentos improvisados, conforme informações obtidas pela Folha.

“Devido à saturação da estrutura de hospedagem regular na cidade de Belém, o planejamento foi adaptado. Isso resultou na necessidade de, por meio de parcerias federais, converter salas de aula em alojamentos para acomodar o efetivo”, afirmou a PRF em documento enviado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Já foram feitas parcerias com instituições como a UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia), o IFPA (Instituto Federal do Pará) e o Centro de Instrução Almirante Brás de Aguiar, da Marinha, para acomodar os policiais mobilizados para a operação.

A adaptação desses espaços inclui a aquisição de itens como 700 beliches, contêineres de banheiro e vestiário, ventiladores, chuveiros, geladeiras, micro-ondas, bebedouros, cafeteiras, TVs e até araras de metal para secagem dos equipamentos de proteção e roupas.

Para viabilizar o plano, porém, ainda falta dinheiro. O governo federal havia destinado R$ 17,7 milhões do orçamento federal à PRF para lidar com as operações na COP30. Ocorre que, além da necessidade de aquisição dos itens para a hospedagem, a permanência dos agentes durante o evento também foi ampliada.

Inicialmente, a PRF se preparava para atuar de 10 a 21 de novembro, durante a COP30. O governo, porém, decidiu adiantar a cúpula de líderes para 6 e 7 de novembro. Isso obrigou a PRF a mobilizar policiais por mais tempo, com mais gastos com diárias, passagens e logística.

Por isso, o valor total necessário subiu para R$ 29,2 milhões —ainda faltam R$ 11,5 milhões para executar o planejado.

A reportagem questionou o Ministério da Justiça e a PRF sobre o assunto. Em nota conjunta, os órgãos federais responderam que “os planos operacionais e orçamentários foram elaborados e enviados à Secretaria Extraordinária para a COP – Secop e para a Casa Civil da Presidência da República, que conduzem todos os assuntos referentes à COP30”.

Na prática, ainda não há uma decisão sobre o assunto. “Os valores apresentados são estimados a partir dos planos enviados, e seguem sendo construídos e discutidos em reuniões bilaterais e gerais”, diz a nota.

O Ministério das Relações Exteriores prevê a participação de até 115 líderes mundiais, incluindo chefes de Estado e de governo, com base na média das edições anteriores da COP. A atividade de escolta e batedor será de responsabilidade primária da PRF, mas também há previsão de ações voltadas à segurança viária, mobilidade e prevenção de criminalidade.

Ao pedir o aumento de orçamento, a PRF afirmou ao Ministério da Justiça que a conferência climática vai exigir “um dos maiores esforços de emprego de batedores já realizados no país”.

“Isso representa um desafio sem precedentes para as forças participantes, tanto em termos de efetivo quanto de equipamentos, especialmente por ser em uma localidade sem histórico de grandes eventos, fora do eixo Rio de Janeiro/Brasília”, diz a PRF no documento enviado à pasta da Justiça.

A programação da PRF prevê, entre outras várias atividades, a atuação de 36 equipes de batedores, sendo que cada equipe padrão é composta por dez motocicletas, somando 360 agentes.

Ao detalhar a opção pelo alojamento em salas de aula de instituições de ensino, a PRF disse que se trata de “um esforço inédito e significativo na área de ‘hotelaria’” que será feito pela instituição.

Conforme a Folha revelou, a inflação dos aluguéis na capital paraense já afeta até os representantes da Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Presidência da República, que ainda não têm garantido um lugar para ficar. Diante de orçamentos com cotações de até R$ 25 mil por diária, o grupo cogita se hospedar em uma base militar.

O governo havia prometido anunciar, até o fim de junho, o site da plataforma oficial de hospedagem da COP30, mas o projeto está atrasado.

O país tem sido criticado por países e ONGs por causa dos altos preços de hospedagem na capital paraense e o tema se converteu na principal motivo de queixas de órgãos nacionais e estrangeiros.

O compromisso com a plataforma foi reforçado durante as Reuniões Climáticas de Junho, espécie de pré-COP que aconteceu em Bonn, na Alemanha.

Ao todo, o país se comprometeu a disponibilizar mais de 29 mil quartos e 55 mil leitos, a maioria em aluguéis de curto prazo. Também até o fim de junho, duas embarcações de cruzeiro deveriam estar disponíveis para reserva, totalizando 3.882 cabines e cerca de 6.000 leitos.

O governo brasileiro já recebeu cartas em que países expressam, de maneira oficial, preocupação quanto aos custos elevados de hospedagem durante a COP30, bem como outras questões logísticas relacionadas à conferência climática.

Em maio, corretoras e imobiliárias de Belém assinaram um termo que define boas práticas para os aluguéis durante COP30.



Fonte ==> Folha SP

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