Indonésia revisa segurança no vulcão onde morreu brasileira – 25/06/2025 – Cotidiano

A imagem mostra um grupo de pessoas em uma área montanhosa, aparentemente se preparando para uma atividade de resgate ou escalada. Há seis indivíduos visíveis, todos usando equipamentos de segurança, como capacetes e coletes. Eles estão organizando mochilas e equipamentos de escalada no chão. O ambiente é nublado, com pouca visibilidade, e há vegetação ao fundo.

A morte da turista brasileira Juliana Marins, que caiu durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani, também gera consternação na Indonésia. A tragédia é discutida por diversos veículos de imprensa no país asiático, que primeiro acompanharam a saga de equipes de socorro locais para resgatá-la com vida e, desde a terça-feira (24), recuperar o seu corpo.

Em especial, o caso reacende um já conhecido debate sobre segurança deficiente para excursões turísticas ao ar livre de risco, que atraem não só montanhistas experientes, como visitantes do mundo todo.

Segundo o portal Liputan6, o ministro das Florestas da Indonésia, Raja Juli Antoni, “tentou aprender lições a partir do incidente”, incluindo reavaliar a segurança no Monte Rinjani e lembrar turistas de seguir as regras estabelecidas.

“Não queremos culpar as vítimas ou a gerência [das atrações turísticas]. O que está claro é que melhoraremos as instalações de segurança e proteção lá [no Monte Rinjani] e talvez seja necessário educar mais a gerência e os visitantes sobre as regras aplicáveis”, disse o ministro, segundo o veículo.

Dados do governo indonésio fornecidos à imprensa brasileira indicam que 180 acidentes e oito mortes foram registrados, ao longo dos últimos cinco anos, nas trilhas do parque nacional ao redor do Monte Rinjani, cuja área equivale a aproximados 41 mil campos de futebol.

Já o detikTravel ressaltou a dificuldade da operação de recuperação do corpo de Juliana. “O processo de salvamento e recuperação de Juliana Marins, a turista brasileira que caiu na ravina do Monte Rinjani no sábado (21), atraiu atenção internacional. A operação é considerada uma das missões de resgate mais desafiadoras já realizadas pelas equipes de salvamento na região.”

“TODOS OS RECURSOS MOBILIZADOS”

Uma vez recuperado, o corpo de Juliana seria carregado a pé até um ponto de descanso na trilha, antes de ser transportado de helicóptero, disse ainda a imprensa local.

A vários veículos da imprensa local, as autoridades indonésias reforçaram que todos os recursos disponíveis foram mobilizados, incluindo cerca de 50 socorristas e um drone térmico, que permite localizar pessoas sob baixa visibilidade. O site Tempo reportou que o apoio logístico foi reforçado por três helicópteros fornecidos pelas Forças Armadas nacionais, uma companhia seguradora e uma companhia mineradora.

Foram quatro dias de buscas até que o corpo de Juliana fosse encontrado. Ela sofreu uma queda inicial de aproximadamente 300 metros, à qual sobreviveu inicialmente. Desde então, a sua localização estimada vinha se tornando progressivamente mais profunda, sugerindo que ela estava deslizando. Ela permaneceu no local sem água, comida ou roupas apropriadas para o frio.

Os esforços foram complicados, reportou a agência de notícias Antara, por uma série de fatores adversos. Alguns deles circunstanciais, como o mau tempo e a visibilidade limitada, e outros característicos do local, incluindo oxigênio rarefeito em altitude elevada e terreno arenoso. Uma autoridade responsável relatou ao jornal que a neblina densa e o terreno íngreme estavam entre os principais desafios.

Já o portal Detik.com ressaltou que a natureza complexa do esforço de resgate tornou-se uma grande preocupação devido às condições geográficas extremas e ao prazo limitado para a ação.

Além disso, a profundidade da ravina onde a brasileira caiu superava a extensão de cordas de salvamento disponíveis, que mais frequentemente tem entre 200 e 250 metros, diz ainda a reportagem do detikTravel.

Em nota, o Itamaraty afirmou que “desde que acionada pela família da turista, a embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades locais, no mais alto nível, o que permitiu o envio das equipes de resgate para a área do vulcão onde ocorreu a queda, em região remota, a cerca de quatro horas de distância do centro urbano mais próximo.”

ENXURRADA CONTRA PRESIDENTE

O caso também provocou reações generalizadas nas mídias sociais. Muitos internautas brasileiros inundaram a conta do Instagram do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, com expressões de raiva e indignação. Subianto tem uma viagem marcada para o Brasil em duas semanas, para a cúpula dos países do Brics e uma visita bilateral.

Parte dos brasileiros na internet atribui a morte de Juliana a uma suposta negligência do governo indonésio no gerenciamento de destinos turísticos naturais de alto risco, como o Monte Rinjani.

Comentários duros inundaram as postagens oficiais do presidente, e hashtags como #JusticeForJuliana e #PrayForJuliana (Justiça para Juliana e Reze por Juliana, na tradução ao português) apareceram no Twitter e no Instagram. Alguns usuários até pedem uma investigação internacional e criticam o sistema de turismo da Indonésia por estar muito aquém dos padrões globais de segurança.

Houve também vozes defendendo a Indonésia, afirmando que acidentes podem acontecer em qualquer lugar e enfatizando que se trata de uma área natural selvagem com desafios extremos.

O site do parque que circunda o vulcão descreve o Monte Rinjani como “muito escalável por visitantes com alto nível de aptidão física.” Ao mesmo tempo, reconhece o alto risco de fatalidades, mesmo durante viagens com guias certificados, como a realizada por Juliana.

“Crucial é entender e respeitar esta grande montanha: tristemente, visitantes morreram aqui ao não seguirem procedimentos sensíveis e fazer todas as preparações necessárias”, diz o texto, com uma advertência sobre a qualificação dos líderes das excursões: “Os padrões de certificação e o treinamento exigido não são nem de perto tão rigorosos quanto o esperado em muitos outros países. Acidentes graves, incluindo fatalidades, ocorrem em trilhas no Rinjani conduzidas por esses guias credenciados.”



Fonte ==> Folha SP

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