Metrô de SP monta novo centro de operações – 25/06/2025 – Cotidiano

Metrô de SP monta novo centro de operações - 25/06/2025 - Cotidiano

Um bug nos computadores do metrô, em um fim de semana de 2018, por pouco não travou a circulação dos trens. A falha foi contornada à tempo, mas acendeu o sinal de alerta: estava na hora de modernizar o cérebro do transporte público responsável por, atualmente, levar cerca de 3,2 milhões pessoas em dias úteis na cidade de São Paulo.

Com custo aproximado de R$ 50 milhões, o Metrô está em fase final de implantação da sua nova estrutura operacional, batizada de CCOX (Centro de Controle Operacional Xperience). Com obras iniciadas em junho de 2022, a expectativa é que comece a funcionar plenamente em dezembro.

No cinquentenário centro de controle operacional havia, entre outros, um computador ligado desde 1999. Os técnicos temiam que não voltasse mais a funcionar caso fosse desligado por algum motivo.

Com a modernização, quando uma pessoa invadir a via férrea e comprometer a circulação dos trens, passageiros serão informados do problema em tempo real por meio de painéis multimídia nas estações, entre outras inovações. O novo espaço também está preparado para uso de inteligência artificial.

“Como hoje os sistemas são antigos, isso demora mais para ser feito e quando a comunicação chega [ao usuário], o problema pode ter acabado”, diz Fábio Siqueira, diretor de operações do Metrô.

Esse tipo de informação instantânea pode agilizar a saída de um novo trem do pátio, quando há pane em uma outra composição, ou recompor a estrutura de fluxo de passageiros em uma estação para acomodar melhor quem aguarda para embarcar na plataforma lotada.

“O operador não só verá a rotina do dia a dia, como a movimentação de trens, mas terá mais suporte de informações e dados para que possa melhorar o desempenho da linha, da distribuição dos passageiros e equilibrar o adensamento nos vagões”, diz. “Vai ficar mais rápido, instantâneo.”

O local em atualização é responsável pelas linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha e fica ao lado da estação Vergueiro, próxima à região do Paraíso, centro de São Paulo.

A linha 15-prata, do monotrilho que circula na zona leste, tem um centro de controle próprio junto ao pátio Oratório. As duas estruturas funcionam de forma independente, cada uma com seus sistemas e sensores.

Na nova sala de controle está sendo instalado um enorme videowall (parede de vídeos, na tradução) sem bordas, com 36 metros de largura e 3,35 metros de altura. A estrutura será composta por 90 telas de alta definição de 55 polegadas.

Na terça-feira (17), quando a reportagem visitou o local, estavam instalados os suportes dos monitores. A montagem das telas está prevista para ocorrer entre agosto e setembro.

Segundo Jacqueline Costa da Silva, analista de desenvolvimento e gestão do Metrô e uma das principais responsáveis pelo projeto, esse é o maior videowall da América Latina. “Estudamos modelos de outros metrôs pelo mundo, grandes empresas e de usina nuclear”, afirma.

A primeira fase da modernização foi a instalação de um data center próprio. A nova sala de computadores, que já está em funcionamento, tem 80 servidores e a impressionante capacidade de 7.680 GB de memória RAM e 76,8 TB de armazenamento em disco para dar velocidade de processamento e robustez na gestão de dados.

O sistema é totalmente redundante, ou seja, se um computador parar outro entra em ação imediatamente, inclusive, no caso de apagão de energia elétrica, que tem se tornado cada vez mais comum na cidade de São Paulo.

Para evitar ataques cibernéticos que possam parar uma linha do metrô, não há comunicação com a internet.

O sistema roda numa rede própria, o que permitiu virtualizar as ações para a fase mais difícil da renovação do CCO: a mudança provisória do centro de controle operacional para o segundo andar do prédio, sem que as máquinas que estavam no primeiro piso tivessem de ser desligadas. Isso impediu a necessidade de transferência de computadores de um lugar para o outro.

Sem os equipamentos no local que passaria por reforma, pela primeira vez desde o início da circulação do metrô paulistano, em 1974, em dezembro do ano passado as luzes da sala no primeiro andar foram apagadas, lembra Jacqueline.

O ambiente promete ser mais humanizado para melhorar a concentração dos funcionários —serão 56 novos postos de trabalho quando a estrutura começar a funcionar— e mais seguro.

“Percebemos que nosso CCO antigo tinha fragilidades de acesso. Então, a segurança reforçada foi requisito nesse projeto”, afirma Siqueira.

O investimento na modernização foi feito, apesar dos planos do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de conceder as linhas de metrô sob gestão pública para a iniciativa privada, como fez com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

“Não podemos, com receio de o metrô ser concedido, deixar de implantar melhorias”, diz Siqueira.



Fonte ==> Folha SP

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