Mortes em acidentes de moto devem crescer em SP – 23/07/2025 – Cotidiano

A imagem mostra uma motocicleta preta e dourada parada ao lado de uma estrada. A motocicleta está posicionada perto de uma barreira de proteção, com um fundo de vegetação e uma área rural visível ao longe. Ao fundo, há um veículo de apoio vermelho estacionado, que parece ser uma caminhonete. A estrada é pavimentada e há uma faixa de tráfego visível.

Nenhum dos principais municípios paulistas tem tendência de queda significativa na redução mortes provocadas por acidentes de motos.

A conclusão faz parte do estudo “Análise de Tendência da Sinistralidade Viária em Municípios do Estado de São Paulo“. Foram analisadas cidades com mais de 100 mil habitantes no estado.

O trabalho foi elaborado pela Diretoria de Segurança Viária do Detran-SP (Departamento de Trânsito paulista), criada no início deste ano.

O estudo, que será apresentado nesta quarta-feira (23), busca identificar tendências de aumento ou redução na quantidade de óbitos, considerando diferentes tipos de vias e modos de transporte. A ideia é que ele ajude o órgão a elaborar um plano de segurança viária no estado

A análise foi realizada com base no Teste de Mann-Kendall, metodologia estatística a partir de cálculos matemáticos, usado para detectar tendências em séries temporais.

O trabalho se baseou em dados abertos do Infosiga, sistema estadual que mede a violência no trânsito, de janeiro de 2015 (quando começou a série histórica) até fevereiro deste ano, em escala mensal.

“O teste avalia se há uma tendência crescente ou decrescente ao longo do tempo, permitindo inferir se ela é randômica ou não”, afirma trecho do estudo.

No caso das mortes de em sinistros envolvendo motos, o levantamento não menciona nenhum município, entre os que têm população acima de 100 mil habitantes, com diminuição significativa em vista dos casos.

Como mostrou a Folha, com 1.329 óbitos, o número de mortes de motociclistas no estado de São Paulo foi recorde no primeiro semestre deste ano.

Por outro lado, 20 cidades aparecem no levantamento do Detran com chances de as estatísticas de mortes de motociclistas crescerem significativamente. Entre elas está a capital paulista.

A cidade de São Paulo, mesmo assim, registrou queda de motociclistas mortos, conforme a última atualização do Infosiga, tanto na comparação entre os semestres quanto entre os meses de junho de 2024 e 2025.

Para tentar frear essas estatísticas, a gestão Ricardo Nunes (MDB) cita a implantação de faixas azuis, sinalização no asfalto que delimita espaço para motos.

De acordo com a Prefeitura de São Paulo, desde a instalação dessas faixas, em 2023, o número de óbitos de motociclistas caiu em 47,2%, passando de 36 para 19 em 2024, nos trechos de vias com a sinalização. Atualmente existem 232 km de faixas azuis na capital.

Para Diogo Lemos, coordenador-executivo da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global, não há uma única solução para reduzir o número de sinistros, principalmente envolvendo motos. É preciso, afirma, mais fiscalização sobre esses condutores, além de campanhas de comunicação que ajudem a mudar comportamentos.

“A motocicleta é o veículo mais inseguro que existe”, afirma.

O estudo que será apresentado nesta quarta mostra três municípios nessa faixa populacional com tendência significativa de alta de mortes, independente da modalidade de trânsito da vítima: Cotia e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e Valinhos, na região metropolitana de Campinas.

Em comum está o fato de essas três cidades serem cortadas por rodovias importantes e de trânsito pesado, como Anchieta, rodoanel Mário Covas, Castelo Branco, Anhanguera e Dom Pedro 1º —esses municípios acabam herdando estatísticas de mortes envolvendo veículos em deslocamento para outras localidades, que nem passaram por seus perímetros urbanos.

Essa é um dos fatores usados pela Prefeitura de São Bernardo do Campo para justificar a alta de 40,4% no número de mortos no município no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2024 —a quantidade de casos passou de 47 para 66. De acordo com o município, praticamente metade desses óbitos foram em rodovias estaduais.

Em Valinhos e Cotia, ao contrário, os dados mais recentes apresentam queda nas estatísticas semestrais. O alerta ocorre por causa da análise da série histórica.

No total, são 28 com chances de alta e 28, de baixa, independente do número de habitantes em todas as modalidades de trânsito.

Sobre os atropelamentos, o estudo lista nove cidades com tendência de crescimento de mortes, entre elas, a capital paulista.

A prefeitura diz que, entre outros, adota áreas calmas, locais onde a velocidade máxima permitida é de 30 km/h, que houve redução do limite de velocidade de 50 km/h para 40 km/h em 24 vias, além de aumentar o tempo de travessia de pedestres em 32 importantes cruzamentos.

A nota cita ainda um projeto-piloto autorizado pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) que permitiu a implantação de contadores regressivos para travessias em 100 cruzamentos.

O levantamento, diz o estudo do Detran, pode servir como possível subsídio para a priorização de ações no estado de São Paulo, auxiliando na elaboração de políticas públicas com base em evidências.

“A análise de tendência não deve ser utilizada como um indicador isolado, mas sim como parte de uma avaliação mais abrangente que considere outros fatores relevantes” afirma.



Fonte ==> Folha SP

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