A digitalização do varejo brasileiro avança em ritmo acelerado, mas um movimento chama atenção por romper paradigmas:
A adoção de criptomoedas como forma de pagamento. Segundo estudo da Mastercard, 86% dos consumidores latino-americanos usaram ao menos um método de pagamento emergente no último ano, o que sinaliza uma tendência crescente de experimentação no setor financeiro e de consumo.
No Brasil, o ponto de inflexão aproxima-se com a entrada da moeda digital do Banco Central, o Drex, que promete tornar transações mais eficientes e seguras, eliminando intermediários e reduzindo custos operacionais para varejistas.
Entretanto, a incorporação de criptomoedas em supermercados ainda esbarra em desafios como volatilidade dos ativos, complexidade tributária e receio regulatório. Dados de mercado mostram que muitos varejistas observam o movimento com cautela, especialmente em operações complexas com alta rotatividade de produtos. (estes aspectos são apontados em artigos especializados sobre criptomoedas e varejo)
Para quem já experimentou esse caminho, a avaliação é positiva. Thiago Andrade de Oliveira, empresário que conduziu a implantação de criptomoedas em sua rede supermercadista, destaca que a iniciativa não serviu apenas para marketing: “ao aceitar cripto, antecipamos uma tendência global. Mas foi fundamental estruturar tecnologia, segurança e governança para que isso não fosse um risco operacional”, afirma. Ele observa que muitos varejistas concentram seus esforços em e-commerce e omnichannel, mas esquecem que o processo de pagamento em loja física é um ponto sensível para o cliente que exige rapidez, confiança e familiaridade com meios digitais.
Ao longo dos anos de operação, Thiago liderou equipes superiores a 150 colaboradores e teve sob sua gestão toda a cadeia logística, fiscal e financeira do negócio. Sua experiência reforça que a mudança tecnológica em varejo exige preparo institucional. Ele aponta que um dos maiores obstáculos enfrentados foi a adaptação das equipes de atendimento e treinamento para lidar com novas interfaces de pagamento, bem como negociar parcerias com provedores de tecnologia com atuação em blockchain.

Do ponto de vista de mercado, ele acredita que o grande catalisador será o Drex aliado à tokenização de ativos e serviços financeiros. Segundo análise da PwC Brasil, a moeda digital do BC pode transformar modelos de financiamento de varejo e tornar mais acessível o crédito às classes C, D e E, segmento que responde por grande parte do poder de compra emergente. Ao conectar esse potencial ao varejo físico e digital, Thiago traça uma visão de futuro: “o varejo não será mais medido por gôndolas ou metros quadrados, mas pela capacidade de converter interação digital em transação segura e fluida”, diz.
Em mercados tradicionais, a adoção de cripto ainda é incipiente e muitos gestores optam por acompanhar de longe. Mas iniciativas como a de Thiago ajudam a criar precedentes técnicos e regulatórios. Sua experiência aponta que é possível equilibrar inovação e segurança, desde que respaldado por tecnologia robusta e orientação jurídica especializada. Para ele, a transformação do varejo não será gradual: será disruptiva para quem estiver pronto para agir.