Penitenciária onde está Marcola tem pedido por mais cargos – 30/06/2025 – Cotidiano

A imagem mostra uma torre de vigilância de um presídio, que é alta e de cor preta, com janelas na parte superior. Ao lado da torre, há um muro de concreto. Na frente, três pessoas vestidas com roupas escuras estão caminhando, uma delas empurrando um carrinho. O céu está claro com algumas nuvens e há vegetação ao redor.

O chefe da Divisão de Segurança da Penitenciária Federal em Brasília —considerada a unidade mais estratégica e segura do país— solicitou à direção o reforço de policiais penais para o setor.

O pedido, obtido pela Folha, é do mês passado e argumenta que a escassez de efetivo pode comprometer a segurança dos agentes, especialmente diante da alta periculosidade dos detentos custodiados.

São citados no documento o principal líder da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Marcos Roberto de Almeida, apontado como seu sucessor. Também é mencionado Nicola Assisi, integrante da máfia italiana ‘Ndrangheta.

A penitenciária integra a rede de cinco presídios federais, que é administrada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. São unidades de segurança máxima projetadas para custodiar presos de alta periculosidade e lideranças do crime organizado.

Recentemente, o traficante Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, foi encaminhado para a unidade após ser preso na Bolívia. Ele já chegou a ser apontado como o número 1 do PCC fora dos presídios.

Embora a solicitação mencione apenas uma divisão, pessoas que acompanham o sistema afirmaram à Folha que a carência de efetivo se estende a outras áreas da penitenciária e a outras unidades.

A escassez de pessoal estaria relacionada à ampliação das atribuições da Polícia Penal. Nos últimos anos, esses agentes passaram a atuar não apenas na custódia dos presos, mas também em atividades como inteligência, fiscalização de contratos, gestão administrativa, escolta, além de ações ligadas à saúde e à educação da população carcerária.

Segundo essas mesmas fontes, houve um remanejamento recente na Divisão de Segurança do sistema prisional para tentar sanar o problema. A avaliação, por ora, é que o déficit não comprometeria a segurança da unidade.

Questionada, a Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), secretaria ligada à pasta comandada por Ricardo Lewandowski, disse que a penitenciária dederal em Brasília opera com efetivo compatível com os protocolos de segurança do sistema, sem prejuízo à ordem, à disciplina e à integridade das operações.

A quantidade de agentes e presos não é divulgada por questões de segurança.

“A Senappen realiza monitoramento contínuo da alocação de pessoal, em virtude de necessidades comuns a toda a administração pública, como aposentadorias, exonerações e movimentações funcionais, no entanto, neste momento, não há pedido de concurso em andamento”, disse, em nota.

No documento, o servidor ressalta que o sistema está sujeito a enfrentar situações de crise, como ataques. “É patente a necessidade de aumentar, ainda que temporariamente, o número de policiais penais federais atuantes no plantão segurança desta unidade”, disse no documento encaminhado em maio.

A demanda por equipe tem sido observada pelo Sindicato dos Policiais Penais Federais no Distrito Federal. A entidade afirma que a situação do efetivo é crítica, segundo documento encaminhado em agosto do ano passado ao juiz corregedor do sistema penitenciário federal de Brasília, Francisco Renato Codevila Pinheiro Filho.

Segundo o texto, os plantões da unidade têm operado, há quase dois anos, com cerca de 30% do contingente necessário para que não houvesse fragilidade na segurança.

De acordo com o texto, a administração da unidade passou a usar policiais da Força Penal nas torres de vigilância para contornar o problema. O sindicato critica a medida.

“Além de não sanar absolutamente [em] nada o grande desfalque de efetivo nos plantões, ainda se reveste de aparente ilegalidade, pois a normatização de emprego da Força Penal Federal estabelece que sua atuação deve ser apenas episódica e restrita a fins de treinamento e sobreaviso”, diz o documento. Segundo o sindicato, a situação permanece da mesma forma.

Nesse contexto, a Senappen afirmou que a unidade funciona como base para formação e capacitação da Força Penal Nacional e de policiais penais federais e estaduais. Segundo o órgão, a atuação tem caráter educativo e de pronto emprego em situações de crise em todo o país, conforme prevê a regulamentação vigente.

A secretaria não esclareceu o motivo de agentes atuarem rotineiramente nas torres de vigilância, como aponta o sindicato.

Uma fuga inédita de dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) levou o governo federal a investir e reforçar a infraestrutura da rede federal, de segurança máxima. O fato gerou uma crise no governo Lula (PT) em um tema explorado por adversários políticos.

Rogério da Silva Mendonça, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, apelidado de Tatu ou Deisinho, fugiram na madrugada de 14 de fevereiro de 2024. Eles foram recapturados no Pará 50 dias após a fuga.



Fonte ==> Folha SP

Leia Também

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *