Pilotar balão requer registro e conhecer previsão do tempo – 21/06/2025 – Cotidiano

A imagem mostra um balão de ar quente no céu, com fumaça saindo de sua parte superior. O céu é azul e claro, e o balão parece estar em uma posição elevada, com uma parte colorida visível. A fumaça indica que o balão pode estar pegando fogo ou passando por algum tipo de falha.

Como nas aeronaves motorizadas tradicionais, para praticar balonismo é preciso ser habilitado e ter PBL (Licença de Piloto de Balão) válida. A exceção, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), é para prática esportiva.

Para ter a licença, é necessário fazer aulas em uma escola de aviação e ter horas de voo com instrutor antes de sair do chão, assim como ocorre com pilotos de avião.

Também é preciso registro aeronáutico e certificado de aeronavegabilidade do balão, como nos voos de turismo iguais ao que caiu após um incêndio neste sábado (21), matando ao menos oito pessoas em Praia Grande (SC).

A prática do balonismo é autorizada em espaços de voo designados pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).

A Sobrevoar, empresa responsável pelo balão que caiu em Santa Catarina, diz que cumpria todas as normas da Anac, que não havia registrado acidente anterior e que o piloto tinha ampla experiência. Conforme a empresa, ele adotou procedimentos indicados para as pessoas que estavam no cesto.

Questionada sobre a documentação da empresa e do piloto, a Anac respondeu que “está adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e da tripulação”.

Além dos documentos em dia, é preciso ter conhecimento de condições do tempo. De acordo com Johnny Alvarez, presidente da Confederação Brasileira de Balonismo, o piloto deve começar a analisar a previsão meteorológica e, principalmente, o vento nas 24 horas antes de voar. “Um dia antes já sabe que está ruim e já se cancela o voo”, afirma.

Nunca um operador de balão deve decolar quando o vento alcançar o teto de 10 km/h, explica.

Rogério Daitx, presidente da Federação Gaúcha de Balonismo, porém, descartou que condições climáticas tenham sido a causa do acidente deste sábado. Em entrevista à rádio Gaúcha, ele lembrou que outros pilotos decolaram e pousaram sem problemas na região do acidente.

“[Houve] uma falha de equipamento e ele teve que tomar uma decisão, provavelmente a pior da vida dele”, afirmou à emissora do Rio Grande do Sul.

Em seu site, a agência Climatempo afirmou que às 9h, cerca de meia hora antes do acidente, a velocidade do vento era de 3 km/h.

Na manhã deste sábado, o tempo era de céu claro, sem nuvens, em Praia Grande.

A Polícia Civil de Santa Catarina apura as causas do acidente deste sábado. Uma das linhas de investigação é se o piloto teria esquecido de apagar um maçarico reserva usado durante o voo.

Segundo o delegado de Praia Grande Tiago Luiz Lemos, o piloto, que é um dos sobreviventes, relatou que houve uma chama no interior do cesto e que quando o bolão estava bem próximo ao solo, ele ordenou para que as pessoas pulassem.

O maçarico, de acordo com o relato ao policial, estava dentro do cesto. O piloto não soube dizer se ele ficou aceso ou se teve uma chama espontânea, afirmou o delegado a jornalistas na manhã deste sábado. “Mas o fogo teria começado no maçarico”, afirmou.

Segundo um piloto de balão ouvido pela reportagem, o maçarico acionado pode ter sido o reserva, que é levado em uma bolsa caso o principal, que é considerado o motor do balão, apague.

“[Havia] uma chama no interior do cesto, então ele [piloto] começou a baixar o balão. Quando o balão estava bem próximo solo, ele ordenou para que as pessoas pulassem”, afirmou o delegado.

O piloto contou, disse o policial, que as chamas começaram a aumentar, e o balão subiu novamente, mas caiu depois por falta de sustentação.

O voo de balão é considerado seguro por seus condutores —a Anac faz uma ressalva para possível risco no caso de atividades esportivas, entre outros, pela falta de garantia de aeronavegabilidade.

Nos últimos dez anos, apenas dois acidentes de balão foram oficialmente registrados no país pelo Painel de Ocorrências Aeronáuticas na Aviação Civil Brasileira. A plataforma inclui os casos considerados mais graves, nos quais é necessária uma investigação pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).

Nenhum foi fatal. Mas, em um deles, uma mulher teve se ser internada em estado grave após um balão com nove pessoas cair em uma zona rural entre Porto Feliz e Boituva, no interior de São Paulo.

No domingo passado (15), a Polícia Civil de Tatuí, também no interior paulista, prendeu em flagrante, por homicídio culposo, o piloto de um balão que caiu em uma área rural da vizinha Capela do Alto. Uma mulher morreu por causa do acidente. A defesa do operador afirmou que ele estava com a documentação em dia.

O presidente da Confederação Brasileira de Balonismo afirmou no dia da queda que os documentos do piloto estavam vencidos e que ele tinha autorização apenas para realizar voos individuais. Além disso, o balão transportava mais passageiros do que sua capacidade máxima.

“Pilotos tomaram decisões de decolar com a climatologia negativa. Sabiam que está ventando e que talvez pudesse piorar, porque é uma previsão e não uma exatidão, e resolveram decolar”, afirmou, sobre os casos recentes. “Um dia antes a gente já sabe que estará assim. Os prudentes cancelam e os ‘ases indomáveis’ arriscam a sorte”, disse também.



Fonte ==> Folha SP

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