Felipe Escaleira – fundador da Escola Decola, a primeira rede de soft skills do mundo
A escola ensina matemática, ciências, português. A vida exige empatia, comunicação, criatividade e inteligência emocional. O descompasso entre o que se aprende formalmente e o que se exige no cotidiano da vida adulta tem colocado as soft skills no centro das discussões sobre o futuro da educação.
Mas e se essas habilidades não fossem vistas apenas como algo “para adultos”? E se começássemos desde a infância?
O que são soft skills?
As soft skills são habilidades comportamentais, sociais e emocionais que ajudam os indivíduos a lidar com pessoas, situações, desafios e emoções. Elas não substituem o conhecimento técnico, mas o complementam — e, muitas vezes, são determinantes para o sucesso pessoal e profissional.
Alguns exemplos incluem:
- Inteligência emocional
- Comunicação e oratória
- Resiliência
- Empatia
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Colaboração
- Ética
Se no passado elas eram subestimadas, hoje são reconhecidas por organismos como a UNESCO e o Fórum Econômico Mundial como competências essenciais para o século XXI.
Por que ensinar soft skills para crianças?
Durante a infância, o cérebro está em sua fase de maior plasticidade — ou seja, maior capacidade de aprendizagem, adaptação e formação de padrões emocionais. Isso significa que o que é vivido na infância tende a se consolidar com mais força na vida adulta.
Ensinar uma criança a reconhecer suas emoções, a se comunicar com clareza ou a tomar decisões responsáveis é, na prática, uma forma de construir o caráter, fortalecer vínculos afetivos e preparar o indivíduo para os desafios do futuro.
Além disso:
- Crianças com boas soft skills apresentam melhor desempenho escolar.
- Desenvolvem resiliência diante de frustrações e conflitos.
- Sabem cooperar, ouvir e liderar.
- Constroem autoestima mais saudável e menos dependente da aprovação externa.
Como desenvolver essas habilidades na infância?
O desenvolvimento das soft skills deve ser intencional, lúdico e contínuo. Diferente de conteúdos puramente conceituais, essas habilidades se formam por meio de experiências vividas — dentro de casa, na escola e nas relações sociais.
Algumas práticas que ajudam:
- Jogos cooperativos e atividades em grupo.
- Leituras e histórias que envolvam dilemas morais ou emocionais.
- Diálogos abertos sobre sentimentos e desafios cotidianos.
- Incentivo à autonomia com responsabilidade.
- Modelagem: crianças aprendem observando o comportamento dos adultos.
O número de iniciativas dedicadas a esse propósito é bastante limitado no mundo. Um exemplo recente é o lançamento do Decola Kids Club, programa da Escola Decola que oferece atividades e encontros temáticos para estimular essas habilidades em crianças a partir de 5 anos — de forma leve, divertida e com intencionalidade pedagógica.
Formando seres humanos mais completos
Investir em soft skills desde cedo é mais do que preparar crianças para o futuro profissional — é prepará-las para viver em sociedade, lidar com a diversidade, construir relações saudáveis e tomar decisões conscientes.
Não há tecnologia capaz de substituir a empatia. Nenhuma inteligência artificial que supere a sensibilidade humana. Ensinar isso às novas gerações é, sem dúvida, uma das maiores responsabilidades da nossa era.