Vídeo: EUA fazem maior ataque com porta-aviões na história – 23/05/2025 – Mundo

A imagem mostra um porta-aviões navegando em águas abertas. O navio possui uma pista de decolagem visível na parte superior, onde estão estacionados vários aviões de combate. O céu está nublado e o mar parece calmo, com pequenas ondas.

A Marinha dos Estados Unidos afirmou ter realizado, em fevereiro, o maior ataque aéreo da história da guerra naval a partir de um porta-aviões. De forma algo surpreendente, o alvo não eram os rebeldes houthis do Iêmen, mas sim terroristas do EI (Estado Islâmico) na Somália.

A ação foi revelada pelo chefe de operações navais da Força, almirante James Kilby, durante uma palestra em Washington na segunda (19). O bombardeio ocorreu há mais tempo, em 1 de fevereiro, e foi realizado a partir do porta-aviões de propulsão nuclear USS Harry S. Truman.

Foram empregados ao menos 16 aviões de ataque F/A-18 Super Hornet, segundo a publicação Business Insider. As informações oficiais pingaram a conta-gotas. O Africom (Comando da África das Forças Armadas Americanas, no acrônimo em inglês) disse ter matado naquele dia 14 terroristas do EI no norte somali.

Entre os atingidos estava Ahmed Maeleninine, o principal recrutador do grupo no Norte da África, responsável por triplicar de 500 para 1.500 o número de membros do EI na Somália nos últimos meses.

O que a nota do Africom não dizia era o poder de fogo empregado na ação, o que pode levar a questionamentos acerca do custo-benefício dela. Segundo o almirante Kilby, foram o equivalente a 62,5 toneladas de bombas lançadas sobre um complexo de cavernas cerca de 80 km a sudeste de Bosaso, na costa somali no golfo de Áden.

Ou seja, 4,4 toneladas de explosivos para cada terrorista morto. Imagens liberadas pelo Departamento de Defesa, feitas por um drone MQ-9 Reaper que acompanhou a operação, mostram grandes explosões em um terreno árido.

Os custos de tais operações não são divulgados de forma usual, mas ela envolveu também ao menos um avião de reabastecimento KC-135 Stratotanker e aeronaves de comunicação e guerra eletrônica, como o E-2D Hawkeye e o EA-18G Growler.

É uma enormidade em termos de poder de fogo embarcado sendo usado, ainda que não seja comparável em tonelagem com os grandes ataques aéreos de outras guerras nos séculos 20 e 21.

O maior já registrado ocorreu em 12 de março de 1945, quando o Reino Unido lançou 4.851 toneladas de bombas sobre Dortmund, na Alemanha, quando as forças de Adolf Hitler já estavam praticamente derrotadas. Lá morreram 6.300 pessoas, mas foram empregados nada menos que 1.108 bombardeiros.

O incidente joga luz sobre uma frente pouco conhecida de combate atual. O Truman estava operando desde setembro na região do mar Vermelho e adjacências, focado no combate aos houthis.

Segundo Kilby, o navio lançou 675 missões na região ao longo da campanha, 25 delas contra a Somália, desde janeiro. Foi uma missão perigosa: 160 mísseis e drones dos rebeldes apoiados pelo Irã na Somália foram interceptados, a maioria tentando atingir o porta-aviões de mais de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões hoje).

Além disso, os meses no mar foram atribulados para o Truman. Três F/A-18, cada um estimado em ao menos US$ 60 milhões (R$ 340 milhões), foram perdidos em operações —um deles abatido por engano por outro navio do grupo de ataque liderado pelo porta-aviões.

Em fevereiro, manobrando perto do canal de Suez, a embarcação colidiu com um cargueiro comercial. Houve danos a seu casco que agora serão consertados de forma mais definitiva, e a barbeiragem custou o comando do seu capitão, Dave Snowden, que foi substituído por Christopher Hill.

O foco público da missão sempre foram os houthis, contudo. Uma exceção ocorreu também nesta semana, quando a Casa Branca divulgou sem detalhes operacionais um vídeo em que supostos terroristas são bombardeados na Somália. Nessa ação, morreram dez pessoas.

Trump fez campanha em 2016 e em 2024 prometendo desengajar os EUA daquilo que chama de “guerras inúteis”, mas o escopo do ataque na Somália mostra que a realidade é algo diferente. A ação foi coordenada com o governo local, que não domina completamente o país.

O presidente já havia determinado o aperto nas ações contra os houthis, utilizando-as como alerta para os patronos dos rebeldes em Teerã. A pressão fez efeito e nesta sexta (22) americanos e iranianos voltarão a se encontrar, agora em Roma, para debater formas de coibir o programa nuclear dos aiatolás de buscar uma bomba atômica.

Como está valendo um cessar-fogo com os houthis, o Truman começou seu caminho para casa na segunda passada, e está agora no Mediterrâneo, onde fará exercícios com forças da aliança Otan. Ficou para trás na região conturbada o grupo de ataque liderado pelo porta-aviões USS Carl Vinson, da mesma classe Nimitz do Truman.

Esses navios são o cartão de visita do poder de projeção militar único de Washington, que opera 10 modelos Nimitz e 1, da nova e mais poderosa classe Gerald Ford. São cidades flutuantes, com mais de 5.000 marinheiros e aviadores, e até 90 caças, helicópteros e aviões de apoio.



Fonte ==> Folha SP

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